Blooming Sparkly Red Rose Blog da Nandinha: 2014-05-25

quarta-feira, 28 de maio de 2014

VAMOS QUE VAMOS 
 BRASIL, A TAÇA É NOSSA!!!!!





ATIVIDADE  DESENVOLVIDA COM ALUNOS DO 4º ANO ENSINO FUNDAMENTAL.

PROJETO DE LEITURA


               PROJETO DE LEITURA

                         4º ANO




 “  O livro é aquele brinquedo que por incrível que pareça, que entre um mistério e um segredo põe idéias na cabeça”.Maria Dinorah

 JUSTIFICATIVA
As histórias estão presentes em nossa cultura há muito tempo e o hábito de contá-las e ouví-las tem inúmeros significados. Está relacionado ao cuidado afetivo, a construção da identidade, ao desenvolvimento da imaginação, à capacidade de ouvir o outro e à de se expressar. Além disso, a leitura de histórias aproxima a criança do universo letrado e colabora para a democratização de um de nossos mais valiosos patrimônios culturais: a escrita.
Através dos contos de assombração será possível ampliar o conhecimento dos alunos sobre as diferentes culturas e igualmente estar desenvolvendo o vocabulário. No decorrer do projeto, será incentivado o gosto pela leitura e imaginação através das leituras e atividades propostas.

OBJETIVO GERAL
Desenvolver um projeto criativo, trabalhando diferentes contos, trazendo uma bagagem cultural e atividades propostas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

   Ø  Desenvolver a criatividade;
   Ø  Despertar a imaginação;
   Ø  Motivar a curiosidade;
   Ø  Aprimorar o vocabulário e habilidades linguísticas;
   Ø  Reflexão através dos contos de mistério/assombração.

            CONTOS SELECIONADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 

             1.      Maria Angula
             2.      O Pirata Amaldiçoado
             3.      A homem que enxergava a morte
             4.      O tesouro enterrado
             5.      Vó Maria
             6.      Caio

1º Atividade
Trabalhando o primeiro conto: Maria Angula.
·         Leitura do conto em voz alta para a turma
·         Organizar os alunos em pequenos grupos, com quatro integrantes, para realizarem a atividade, o jogo “Criando Histórias”
·         Apresentar os trabalhos para a turma e realizar uma votação para a história mais criativa

2º Atividade
Trabalhando o segundo conto: O Pirata Amaldiçoado
·         Leitura do conto em voz alta para a turma
·         Distribuir folhas de desenho para a turma criar uma ilustração para decorar a classe

3º Atividade
Trabalhando o terceiro conto:O homem que vê a morte.
·         Leitura do conto em voz alta para a turma
·         Após a leitura teremos a sessão pipoca. Assistiremos ao filme: A casa monstro

4º Atividade
Trabalhando o quarto conto: O tesouro encantado.
·         Leitura do conto em voz alta para a turma
·         Após a leitura, entregarei para os alunos o conto “Quanto os Vilões se Encontram”(José Roberto Torero) para eles continuem o conto

5º Atividade
Trabalhando o quinto conto: Vó Maria.
·         Leitura do conto em voz alta para a turma
·         Após a leitura, elaborar um conto de assombração


6º Atividade
Trabalhando o sexto conto: Caio.
·         Leitura compartilhada em voz alta
·         Após a leitura, atividade escrita

RECURSOS UTILIZADOS:
·         Sulfite
·         EVA preto – marrom – branco – laranja – vermelho – amarelo
·         Cola e tesoura
·         Lápis de cor e canetinhas
·         Filme: A casa monstro
·         Barbante
·         Fita dupla face
·         TNT preto e laranja

AVALIAÇÃO
            Será avaliado no decorrer do projeto as atividades propostas, envolvimento e dedicação da turma. A coordenação do grupo também será avaliada.

PRODUTO FINAL
            Depois de desenvolvido todas as etapas do projeto, a turma deverá ser capaz de interpretar uma história de assombração em espaço modificado.



MARIA ANGULA


Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe. Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para jogá-los uns contra os outros. Por isso tinha fama de leva-e-traz, linguaruda, e era chamada de moleca fofoqueira.
Assim viveu Maria Angula até os dezesseis anos, dedicada a armar confusão entre os vizinhos, sem ter tempo para aprender a cuidar da casa e a preparar pratos saborosos.
Quando Maria Angula se casou começaram seus problemas. No primeiro dia, o marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a menor idéia de como prepará-la.
Queimando as mãos com uma mecha embebida em gordura, ascendeu o carvão e levou ao fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso: não fazia idéia de como continuar.
Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mercedes, cozinheira de mão-cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá.
- Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com miúdos?
- Claro, dona Maria. É assim: primeiro coloca-se o pão de molho em uma xícara de leite, depois despeja-se este pão no cavalo e, antes que ferva, acrescentam-se os miúdos.
- Só isso?
- Só, vizinha.
- Ah - disse Maria Angula - mas isso eu já sabia!
- E voou para sua cozinha a fim de não esquecer a receita.
No dia seguinte, como o marido lhe pediu que fizesse um ensopado de batatas com toicinho, a história se repetiu:
- Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz o ensopado de batatas com toicinho?
E com da outra vez, tão logo a sua boa amiga lhe deu todas as explicações, Maria Angula exclamou:
- Ah! É só? Mas isso eu já sabia! - E correu imediatamente para a casa a fim de prepará-lo.
Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando. Maria Angula vinha sempre com a mesma história: "Ah é assim que se faz o arroz com carneiro? Mas isso eu já sabia! Ah, é assim que se prepara a dobradinha? Mas isso eu já sabia!" Por isso a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte...
- Dona Mercedinha!
- O que deseja, Dona Maria?
- Nada, querida. Só que o meu marido quer comer no jantar caldo de tripas e bucho e eu...
- Ah! mas, isso é fácil demais! - Disse dona Mercedes. E antes que Maria Angula a interrompesse continuou:
- Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado. Depois espere chegar o último defunto do dia, e sem que ninguém a veja, retire as tripas e o estômago dele. Ao chegar em casa, lave-os muito bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas. Depois que ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está pronto. É o prato mais saboroso que existe.
- Ah! - disse como Maria Angula - É só? Mas isso eu já sabia!
E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada do defunto mais fresquinho. Quando já não havia mais ninguém por perto, dirigiu-se em silêncio à tumba escolhida. Tirou a terra que cobria o caixão, levantou a tampa e...Ali estava o pavoroso semblante do defunto! Teve ímpetos de fugir, mas o próprio medo a deteve ali. Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma, duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o estômago. Então voltou correndo para casa. Logo que conseguiu recuperar a calma, preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo os beiços.
Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam, escutaram-se uns gemidos nas redondezas.
Ela acordou sobressaltada. O vento zumbia misteriosamente nas janelas, sacudindo-as, e de fora vinham uns ruídos muito estranhos, de meter medo a qualquer um.
De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas. Eram os passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e retumbante, e que se deteve diante da porta. Fez-se um minuto eterno de silêncio e logo depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente de um fantasma. Um grito surdo e prolongado paralisou-a.
- Maria Angula, devolva minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da santa sepultura!
Maria Angula sentou-se na cama, horrorizada, e, com os olhos esbugalhados de tanto medo, viu a porta se abrir, empurrada lentamente por essa figura luminosa e descarnada.
A mulher perdeu a fala. Ali, diante dela, estava o defunto, que avançava mostrando-lhe o seu semblante rígido e o seu ventre esvaziado.
- Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Aterrorizada, escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo, mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e arrastarem-na gritando:
- Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha procurado por ela em toda parte, jamais soube do seu paradeiro.

O PIRATA AMALDIÇOADO

No alto de uma montanha, havia uma casa onde morava um Pirata, e todas as pessoas do povoado diziam que ele era Amaldiçoado.
Ele não saía de casa para nada, todas as pessoas da cidade queriam saber como ele era e qual a sua maldição.
Mas para saber da história verdadeira, elas teriam que subir até a casa do Pirata e ver qual o seu problema.
Há anos ninguém no povoado, tinha coragem, até que uma dia, um menino decidido falou:
_Já que todos tem curiosidade, mas ninguém tem coragem eu irei até o alto da montanha, descobrir o que de fato aconteceu ...
O garoto encheu-se de determinação e dirigiu-se em direção a casa do Pirata.
Ao chegar em frente à porta da casa, lembrou-se do que as pessoas do povoado diziam à respeito do Pirata...
Se alguém de coragem entrasse na sua casa e conseguisse tocá-lo ,ele ficaria salvo da maldição...
O Menino sem pestanejar, abriu a porta e invadiu a casa, e deparou-se com uma criatura horrível, desfigurada, e no mesmo instante arrependeu-se de ter ido até lá...
Mas, era tarde demais...Como não havia mais volta o menino partiu em direção ao Pirata para ver se conseguia quebrar a maldição..
No instante do toque, o menino sentiu um mal estar e caiu inconsciente...Quando ele sentiu-se um pouco melhor, olhou em direção ao Pirata e viu um novo homem, a maldição não existia mais...
Ele ia saindo em direção à porta, com a sensação de dever cumprido, quando passou em frente a um espelho e qual não foi seu desespero, ele estava todo desfigurado, a Maldição havia passado para ele...
Com tanta vergonha e desgosto de sua aparência, nunca mais o pobre menino saiu daquela casa...

O HOMEM QUE ENXERGAVA A MORTE
Havia em uma terra, um caboclo, homem pobre que morava em um casebre com a mulher e quatro filhos. Era bom trabalhador, mas vivia miseravelmente e inconformado, por não conseguir melhorar de vida. Ainda mais agora que sua mulher estava grávida do seu quinto filho.

Logo que o menino nasceu, o caboclo disse à mulher:

— Vou ver se acho alguém que queira ser padrinho de nosso filho.

Montou o cavalo, fincou as esporas e partiu a todo o galope para a cidade. Enquanto galopava pensava: "Arranjar padrinho para o quarto filho já tinha sido difícil, quem ia querer ser compadre de um pé-rapado como ele?" E quanto mais pensava mais inconformado e triste ficava.

O dia passou, e ele ainda não tinha encontrado ninguém que aceitasse ser padrinho do seu filho. Voltava para casa desanimado, quando num entroncamento, deu de cara com uma figura curva, vestindo uma capa escura, apoiada em uma bengala feita de osso.

— Se quiser, posso ser madrinha de seu filho – ofereceu-se a figura, com uma voz estranha.

Um tanto espantado o caboclo perguntou:

— Quem é você?

— Sou a Morte.

O caboclo nem cogitou de fazer pensamento do caso:

— Aceito. Você é justa e honesta, pois leva para o cemitério tanto os ricos quanto os pobres sem fazer diferenciação. Quero sim, que seja minha comadre, madrinha de meu filho!

E assim foi. Realizado batizado na igreja, a Morte chamou o caboclo de lado e lhe disse quase ao pé do ouvido:

— Fiquei muito feliz com seu convite; eu estou acostumada a ser maltratada; as pessoas fogem de mim; falam mal; xingam-me e amaldiçoam-me. Elas não entendem que só faço por cumprir minha obrigação. Na verdade - confessou a Morte, - você é a primeira pessoa que me trata com justeza e compreensão. E tem mais, quero retribuir sua gentileza sendo uma ótima madrinha para seu filho. E para isso, vou transformá-lo em um homem rico e famoso. Só assim você poderá criar, proteger e cuidar de meu afilhado.

A Morte explicou, então, que a partir daquele momento, o caboclo seria um médico.

— Médico? Eu? - pergunta, espantado, o caboclo. – Mas, não entendo nada de medicina!

— Preste atenção – disse ela. – Venda seu casebre e seu alqueire de terra e venha morar na cidade. Coloque na sua nova casa, uma placa dizendo-se médico. Quando for chamado para examinar um doente, se vir minha figura na cabeceira da cama, é sinal de que a pessoa vai ficar boa; em compensação se me enxergar no pé da cama, chame o coveiro porque o doente logo, logo vai esticar as canelas.

A Morte ainda esclareceu que só seria visível para o caboclo e logo após, sumiu na imensidão.

Dito e feito. Bastou o caboclo colocar a placa na frente de sua casa e logo apareceram as primeiras pessoas doentes. E ele não errava em nenhum diagnóstico; o doente podia estar desenganado, se ele dizia que ia viver, dali a pouco o doente estava curado. De outras vezes, dizia: "Não tem jeito!"

E não tinha mesmo. A fama do caboclo pobre que virou médico correu o mundo. E com a fama veio à fortuna.

Muitos anos depois, numa certa noite, bateram a porta do médico. Dessa vez não era nenhum doente. Era ela, a Morte. E foi logo falando:

— Compadre, tenho uma notícia triste para lhe dar: sua hora chegou. Seu filho já é homem feito. Estou aqui para levar você.

— Mas como! – gritou o médico, pulando da cadeira. – Agora que tenho uma profissão, ajudo as pessoas, acumulei riqueza e tenho fartura, você aparece para me levar! Isso não é justo!

A Morte justifica:

— Vá até o espelho e olhe para si mesmo – sugeriu. – Está velho. Seu tempo já passou.

— Lembre-se de que até hoje eu fui à única pessoa que tratou você com consideração!

A Morte balançou a cabeça.

— Quer ver uma coisa? – perguntou ela.

E num passe de magia, transportou o médico para um lugar desconhecido e estranho. Era um enorme salão, cheio de velas acessas, de todos os tipos, tamanhos e qualidades.

— O que é isso? - quis saber o médico.

Cada uma dessas velas corresponde à vida de uma pessoa. As velas pequenas são vidas que já estão chegando ao fim. Olhe a sua!

E mostrou um toquinho de vela, com a chama tremula, quase apagando.

— Mas então minha vida está por um fio! – exclamou o médico, um tanto assustado.

A morte fez que "sim" com a cabeça. Em seguida, do jeito que veio, voltou com o médico para casa.

— Tenho um último pedido a fazer – suplicou o velho médico, já enfraquecido, deitado na cama. – Antes de morrer, gostaria de rezar o Pai-Nosso. Mas, me prometa uma coisa: que só vai me levar depois que eu terminar a oração.

A Morte concordou, e o velho caboclo começou a rezar:

— Pai-Nosso que... – parou e sorriu.

— Vamos lá, compadre – inquiriu a Morte. – Termine logo com isso que tenho mais o que fazer.

— Coisa nenhuma! Exclamou o velho saltando triunfante da cama. – Você jurou que me levaria somente quando eu terminasse de rezar. Pois então, pretendo levar anos para terminar minha reza...

Ao perceber que fora enganada, a Morte resolveu ir embora, não antes de fazer uma ameaça:

— Eu pego você, me aguarde!

Conta-se que, passado alguns anos, o médico viajando, deu com um corpo caído na estrada. O velho tentou reviver o corpo inerte, mas não havia mais jeito.

— Que coisa triste, morrer assim, sozinho no meio da estrada!

Antes de seguir em frente, o bom médico, tirou o chapéu e rezou o Pai-Nosso. Mal acabou de dizer amém, o morto que não estava morto, abriu os olhos e sorriu. Então, o médico caiu em si. Era a Morte fingindo-se de morto.

— Agora você não me escapa!

Nesse mesmo instante, naquele lugar desconhecido e estranho, uma pequena vela estremeceu e ficou sem luz.

O TESOURO ENTERRADO

Numa das ruas que davam na pracinha de Belém, na antiga cidade de Huaraz, havia uma casa dos tempos coloniais que sempre estava fechada e que vivia cercada de mistérios. Diziam que estava repleta de almas penadas, que era uma casa mal-assombrada.
Quando esta história começou, a casa já havia passado por vários donos, desde um avaro agiota até o padre da paróquia. Ninguém suportava ficar lá.
Diziam que estava ocupada por alguém que não se podia ver e que em noites de luar provocava um tremendo alvoroço. De repente, ouviam-se lamentos atrás da porta, objetos incríveis apareciam voando pelos ares, ouvia-se o ruído de coisas que se quebravam e o tilintar de um sino de capela. O mais comum, porém, era se ouvirem os passos apressados de alguém que subia e descia escadas: toc, toc, tum; toc, toc, tum... As pessoas morriam de medo de passar por ali de noite.
Certo dia, chegou à cidade uma jovem costureira procurando uma casa para morar. A única que lhe convinha, por ficar no centro, era a casa do mistério. Muito segura, a tal costureira afirmou que não acreditava em fantasmas e alugou o imóvel. Instalou ali a sua oficina, com uma máquina de costura, um grande espelho, cabides e uma mesa de passar a ferro.
Com a costureira moravam uma moreninha chamada Ildefonsa e um cachorrinho preto, de nome Salguerito. E foi o pobre do animal que acabou pagando o pato, pois o fantasma da casa decidiu fazer das suas com ele: puxava-lhe o rabo, as orelhas, e vivia empurrando o coitadinho. Dormisse
dentro ou dormisse fora da casa, à meia-noite Salguerito se punha a uivar de tal modo que dava medo. Arqueava o lombo, se arrepiava todo e ficava com os olhos faiscando de medo. Só dormia tranqüilo na cozinha, ao pé do pilão.
As pessoas costumavam ir bisbilhotar para ver como era a tal costureirinha e saber como aqueles três estavam se arrumando na casa mal-assombrada.
As duas mulheres não demonstravam em absoluto estar assustadas nem se davam por vencidas. A única coisa é que tinham que dormir com a lamparina acesa e com o cão na cozinha.
O fantasma acabou se cansando de infernizar o animal, mas começou então a deixar suas marcas na oficina da costureira: o espelho entortava sem que ninguém o tocasse; a máquina de costura começava a costurar sozinha; os carretéis caíam e ficavam rolando no chão; desapareciam as tesouras, o alfineteiro, o dedal e o caseador; as mulheres sentiam a presença de alguém que as seguia o tempo todo e, às vezes, o espelho ficava embaçado, como se alguém estivesse se olhando muito próximo dele.
Várias vezes o padre passou pela casa levando água benta, mas o copinho onde ela ficava sempre aparecia misteriosamente entornado.
– Isso não é coisa do diabo – esclareceu o padre. – As coisas do diabo se manifestam de outra maneira e acabam com água benta, invocações ou com a santa missa.
Com isso, as mulheres ficaram mais tranqüilas.
– O que eu acho é que deve haver alguma coisa enterrada por aí. Dinheiro ou jóias guardados em algum lugar. Talvez alguma alma penada queira mostrar a vocês o lugar em que está o tesouro para poder repousar em paz e, neste caso, é preciso ajudá-la – sentenciou o padre.
Havia, nessa época, pelas bandas de Huaraz, um homem que se dedicava a procurar tesouros, cujo nome era Floriano. Era famoso e possuía uma larga experiência nesse tipo de trabalho. Chamaram-no muito em segredo e, certo dia, chegou sem que ninguém soubesse. Entrou na casa recitando rezas e súplicas, mascando coca, fumando cigarros e queimando incenso:
– Alma abençoada, sabemos que estás aqui e que nos ouves. Se queres alcançar o reino da paz, mostra-nos onde está enterrado o tesouro. Usa os sinais que quiseres, mas comunica-te conosco.
O homem ia de canto em canto repetindo a mesma coisa. Salguerito olhava para Floriano, latia e, em seguida, ia se deitar na cozinha, ao pé do pilão.
Floriano passou dois anos inteiros procurando o tal tesouro. A cada mudança de lua, lá estava ele, mas nunca encontrava uma resposta. Removeu o piso da casa inteira, bateu em todas as paredes, revistou as janelas e nada.
Salguerito fazia sempre a mesma coisa: olhava para ele, latia e corria até a cozinha para atirar-se ao pé do pilão. Até que um dia Floriano se foi, dizendo que nessa casa não havia nenhum tesouro enterrado.
Mas um domingo, quando Ildefonsa estava socando milho no pilão da cozinha para fazer pamonhas, seus pés esbarraram numa espécie de alça enterrada. Intrigada, a mulher foi cavoucando e cavoucando com uma faca, até que apareceu não apenas a alça completa, mas a boca de uma panela de ferro. Era exatamente no lugar em que Salguerito costumava se enfiar para dormir e onde se atirava sempre que Floriano vinha procurar o tesouro.
Surpresa, Ildefonsa foi correndo chamar a costureira.
– Veja – disse-lhe –, há uma panela enterrada aí embaixo.
Imediatamente as duas mulheres empurraram o pilão e zás-trás! Apareceu o tesouro: uma panela repleta de moedas antigas de ouro e prata, jóias e pedras preciosas dos tempos coloniais. Estava logo ali, à flor da terra, junto à pedra de moer.
Dizem que à meia-noite, depois de benzerem a casa, a costureira e Ildefonsa saíram da cidade levando consigo não apenas o tesouro encontrado, mas também Salguerito, o cãozinho judiado que lhes deu o sinal preciso de onde estava enterrado o tesouro. Nunca mais se soube deles.




VÓ MARIA







CAIO
               Em Bom Despacho tinha uma fazenda à venda, mas ninguém queria comprar:
era mal-assombrada.
Quando o preço chegou lá embaixo, veio de Luzes um comprador para fechar negócio.
O caseiro aconselhou o homem a passar a noite na fazenda e deixar a decisão para o dia seguinte. E o homem ficou para dormir.
De madrugada, acordou com uma voz cavernosa:
------ Caaaaaaio? Caaaaaaio? – a voz repetia.
Acontece que o homem se chamava Caio. Ele estranhou muito e foi com custo que gaguejou:
------ A-a-a-qui.
E na mesma hora um osso de perna caiu em cima dele.
O homem gelou. Mas não adiantava correr, a assombração sabia até seu nome. Melhor era continuar deitado e se cobrir todinho.
Dali a pouco o vozeirão recomeçou:
------ Caaaaaaio? Caaaaio?
E se a assombração não soubesse o nome dele coisa nenhuma e estivesse só perguntando se podia cair? Por via das dúvidas, Caio murmurou:
------ Sim.
Caiu outro osso. E Caio matutava. Será que a assombração estava pensando que “Sim” queria dizer “Sim, pode cair”? Ou “Sim, sou eu, o Caio”? Resolveu desvendar a questão de uma vez por todas.
-----Eu!?!
Caiu mais um osso.
De novo:
----- Caaaaaio? Caaaaaaaaaio?
E o Caio, para testar:
---- Cai!
Caiu outro osso.
Aí o Caio começou a achar que a assombração estava gozando a cara dele.
------ Caiiiuuuu!? – por coincidência, a assombração desafinou nessa hora.
O homem teve um treco. Deu dois tiros para o alto, chorando nervoso:
----- Cai, mas cai logo, que eu não aguento mais essa história!
E para a surpresa, quem despencou do forro do teto foi o caseiro, que não queria dono novo na fazenda onde ele gostava de vadiar.

LAGO, Ângela. Sete histórias para sacudir o esqueleto. São Paulo: Companhia das Letrinhas